Era uma vez, num reino tão, tão, tão, mas tão distante que fica
impossível referenciar um ponto no mapa. Naquele reino, um rei e um rainha
governavam com mãos de ferro sem delegar poderes a ninguém. Nada era feito sem
a aprovação direta dos dois.
Um súdito para falar com o rei tinha que cumprir uma dolorosa
penitência, que as vezes durava meses e quando chegava o dia tão esperado, o
súdito era humilhado com uma espera pavorosa, que durava horas. Quando enfim o
súdito conseguia falar com o rei e lembrar das promessas não cumpridas, uma
nova promessa era feita e o súdito voltava pra casa, cabisbaixo, desesperançoso
e, na maioria das vezes, cheio de ódio.
O rei, com sua bunda grande e gorda, resfestelado em suas
confortáveis poltronas, não se dava ao luxo de ver ou ouvir o que “rolava” nas
ruas e guetos e, nenhum dos súditos tinha coragem de falar sobre o problema,
com medo do castigo. O rei, além de ganancioso, era muito rancoroso e todos
temiam isso.
Em seus discursos, rei e rainha falavam muito de gratidão, sob o
olhar atônito de todos, que não tinham coragem de contestar. Gratidão é uma
palavra quase sagrada que não deve ser usada em vão, porque é quase uma
blasfêmia expressá-la em vão.
O rei e a rainha acreditavam muito que permaneceriam no poder, sem
perceber que o futuro deles já estava sendo escrito pelo povo cansado, mas
determinado a entregar o poder a outro, que, com certeza, iria fazer igual ao
antecessor...
Essa é uma das histórias do mundo, envolta num círculo vicioso,
onde ricos ficam mais ricos e os pobres, muito, mas muito mais lascados. O
mundo, jamais de renovará, sendo para sempre, o entedioso velho mundo.
Essa é apenas uma estória de ficção e qualquer semelhança com
pessoas ou fatos, nada mais é que uma incrível coincidêndia.
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