Territórios antes dominados
pelo CP passam a ser área do CV, inclusive o complexo do Nordeste de Amaralina
Em
um muro no bairro de Santa Cruz, duas siglas juntas representam uma aliança
forte e perigosa para a segurança pública na Bahia. Pichadas na cor vermelha,
as iniciais “CP” e “CV” mostram o que antes só se ouvia nos bastidores da
polícia: a facção Comando da Paz, criada em 2007 no Presídio Salvador, acaba de
se tornar uma célula da segunda maior organização criminosa do país, o Comando
Vermelho (CV), que surgiu na década de 70 num presídio do Rio de Janeiro. Ou
seja, o CV não mais só fornece armas e drogas para o estado, ele se
estabeleceu em bairros de Salvador.
A
partir de agora, os territórios antes dominados pelo CP passam a ser área do
CV, inclusive o complexo do Nordeste de Amaralina (Nordeste de Amaralina, Santa
Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho). É no complexo, mais
precisamente no Beco da Cultura, em Santa Cruz, que o CORREIO encontrou as duas
siglas num muro. Para além da demonstração da aliança, as iniciais são uma
afronta à Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Escadaria no Vale das Pedrinhas com as inscrições do CV Foto: Marinah Silva/CORREIO |
As
pichações foram feitas em frente à Base Comunitária e a menos de 500 metros da
40ª Companhia Independente da Polícia Militar (Nordeste de Amaralina). Segundo
mensagens que circulam no WhatsApp, as pichações seriam uma forma de convocar
os integrantes da facção para vingar a morte do traficante Elias Maluco,
uma das maiores lideranças do CV, que foi encontrado morto na Penitenciária
Federal de Catanduvas, no Paraná. Preso desde 2002, Elias foi condenado a 28
anos e seis meses de prisão pela autoria do assassinato do jornalista Tim
Lopes.
Na
Bahia, uma mensagem de luto à morte de Elias circula no aplicativo. O conteúdo
seria do CV e lista as regiões, bairros e localidades que agora são de domínio
da facção carioca e ainda convoca a tropa para atacar os “órgãos de segurança
pública do Estado da Bahia”:
“Nós,
membros do Comando Vermelho do Estado da Bahia, iremos fazer uma homenagem ao
general Elias Maluco, cada favela do CV homenageará nosso irmão com uma
de queima de fogos e depois promovemos ataques aos órgãos de segurança pública
do estado. Estamos cheios de ódio”.
De
acordo com a apuração do CORREIO, traficantes do CV chegaram à Bahia há
três meses. “Tomamos conhecimento disso, mas ainda não temos a dimensão
do problema. É fato que os cariocas estão na área”, disse um investigador da
28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina).
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