Não
queremos crer que haja interesses partidários e de candidaturas proporcionais,
motivando a greve abusiva dos professores de Eunápolis!
A cúpula do comando
de greve dos professores da rede pública municipal de Eunápolis, desdenhou da
prefeita Cordélia Torres (União Brasil), que sinalizou boa vontade com os
grevistas, ao determinar os devidos pagamentos à categoria às vésperas do
Pedrão e os oferecer o maior percentual de aumento salarial da história da
cidade. Assim, quase dez mil estudantes eunapolitanos são os únicos no interior
baiano, que permanecem sem aulas.
A pandemia trouxe um retrocesso no aprendizado dos estudantes e a
greve dos professores só fortalece isso. Especialistas alertam que os impactos
do afastamento dos alunos das classes são enormes e se estendem desde o
aprendizado até a formação enquanto sujeito.
O ano letivo de 2022
foi o primeiro após a pandemia com os estudantes na sala de aula desde
fevereiro. Em 2021, houve o retorno dos alunos, com escalonamento, em maio,
após quase dois anos reclusos, devido à pandemia. Agora, por conta da greve,
eles estão novamente nos lares.
A rotina das
famílias mudou, e adaptações tiveram que ser feitas. Pais se viram como podem
para manter a rotina de estudos para as crianças. Criam atividades básicas e
buscam exercícios na internet; apertam o orçamento para não interromper
novamente o estudo dos filhos e os colocam na aula particular de reforço
escolar. Isto gera um custo que não estava previsto, mas é a forma que
encontram para driblarem a greve dos professores, já que, devido ao trabalho,
não conseguem desenvolver atividades com os filhos.
O fato é que a greve
é “um passo atrás” no processo de reconstrução do saber neste momento de
pós-pandemia. As respostas sobre os impactos do afastamento das crianças e
adolescentes das salas de aula somente poderão ser percebidas depois. O tempo
nos dirá o efeito disso tudo para esta geração. Dois anos na vida é muita
coisa, tanto no ponto de vista emocional e como cognitivo. Vai gerar outro tipo
de estudante, de jovem e de criança.
Defendemos a
legitimidade da greve dos professores, embora devamos reconhecer que este
movimento de paralisação gera perda, que recai na sociedade e que outras
alternativas poderiam ser buscadas e que interesses ideológicos, políticos e
partidários, não podem interferir para a existência e permanência da
paralização.
Os impactos dessa
greve se estendem em todas as faixas etárias. No entanto, no caso de estudantes
da alfabetização, o prejuízo é ainda maior, pelo fato de estarem na “fase
fértil”. É um momento em que as crianças criam hipóteses em relação a tudo que
acontece e precisam da intervenção do professor. Perder isso gera um grande
prejuízo. Para o público infanto-juvenil, a falta do espaço escolar incorre em
prejuízo muito grande no se constituir como sujeito”.
Foto de Jeff Stapleton / Pexels
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