Nomes como Abraham Weintraub, Joice Hasselmann e
Alexandre Frota ficaram de fora da Câmara dos Deputados
Candidatos que se elegeram na onda bolsonarista de 2018 ou
integraram o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e depois romperam com o chefe
do Planalto não conseguiram se eleger nesse domingo (2/10).
Deputada federal mais votada em São Paulo há quatro anos,
com mais de 1 milhão de votos, a jornalista Joice Hasselmann (PSDB) obteve pouco mais de 13 mil
votos e ficou longe da reeleição.
Mesmo destino teve o deputado federal Alexandre Frota (PSDB), que passou dos mais de 155
mil votos em 2018 para 24 mil agora, insuficientes para a eleição como deputado
estadual em São Paulo.
Crítico do presidente desde a pandemia, o ex-ministro da
Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) perdeu a disputa ao Senado por
Mato Grosso do Sul para Tereza Cristina, ex-titular da Agricultura.
Já o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que passou a fazer críticas públicas
ao ex-chefe neste ano, fracassou na tentativa de se eleger deputado federal por
São Paulo.
Candidato a deputado federal por São Paulo pela primeira vez, o
ex-ministro da Educação Abraham Weintraub obteve pouco mais de 4.000 votos e
não foi eleito.
Weintraub
Arthur Weintraub, irmão de Abraham, teve 1.900 votos e
não se elegeu. Abraham, que integrou a chamada ala ideológica do governo
Bolsonaro, esteve à frente do MEC por 14 meses, em meio a polêmicas e ataques
contra variados alvos.
Demitido depois de
intenso desgaste com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), chamados de
"vagabundos" pelo ex-ministro durante reunião do governo, ele foi
alocado no Banco Mundial, nos EUA. O rompimento com o governo só viria neste
ano, quando ele passou a criticar abertamente Bolsonaro.
Em uma live,
questionado se Bolsonaro "rouba ou deixa roubar", Abraham Weintraub
respondeu: "Rabo de porco, orelha de porco, pé de porco, focinho de porco…
Se não é porco, é feijoada".
Frota
Eleito deputado
federal pelo PSL em 2018 com mais de 155 mil votos, Alexandre Frota (PSDB)
dessa vez recebeu 24.224 votos, insuficientes para assumir uma cadeira na
Assembleia Legislativa de São Paulo.
Frota foi um dos
primeiros parlamentares a deixar a base de Bolsonaro —ele foi expulso da sigla,
da qual Bolsonaro fazia parte, em agosto de 2019, depois de criticar a gestão
do presidente. Disse, por exemplo, que o escritor Olavo de Carvalho (1947-2022)
deveria ter menos influência no governo.
Também criticou a
indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, para o cargo de embaixador
do Brasil nos Estados Unidos. Em 2020, Frota chegou a fornecer à Polícia
Federal informações obtidas pela CPMI das Fake News que ligariam Eduardo ao
esquema.
Delegado Waldir
Pivô do rompimento
de Bolsonaro com o PSL, em 2019, o deputado federal Delegado Waldir (União Brasil) obteve 539.219 votos
neste domingo e acabou em terceiro lugar na disputa pelo Senado em Goiás,
vencida por Wilder Morais (PL). Em 2018, foi o deputado mais
votado no estado, com 274 mil votos.
Em outubro de 2019,
então líder do PSL na Câmara, Waldir se disse traído por Bolsonaro e afirmou
que ministros atuavam para derrubá-lo da liderança do partido. As declarações
foram dadas após o vazamento de um áudio em que dizia que iria implodir o
governo e chamava Bolsonaro de vagabundo.
Janaina Paschoal
Protagonista do
processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), a professora de direito
penal Janaina Paschoal viu os mais de 2 milhões de votos
recebidos em 2018, que a tornaram a deputada estadual mais votada na história,
minguarem para 447,5 mil neste domingo. Com o resultado, terminou em quarto
lugar na disputa pelo Senado em São Paulo, vencida pelo ex-ministro da
Ciência Marcos Pontes (PL).
Cotada para vice de
Bolsonaro há quatro anos, Janaina passou a condenar o presidente pela condução
do combate à pandemia de COVID-19, o que fez dela persona non grata entre
bolsonaristas.
Também criticou
Bolsonaro pelas suspeitas de corrupção envolvendo o presidente e a família
dele. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Janaina disse, por exemplo, que
acusações de rachadinha contra Flávio Bolsonaro impactaram negativamente o
governo. "De certa forma impactou o [meu] apoio, porque eu tenho a luta
contra a corrupção e pela transparência como algo primordial."
Joice Hasselmann
Uma novidade da onda
bolsonarista de 2018, Joice Hasselmann (PSDB) passou dos 1 milhão de votos que
fizeram dela a deputada federal mais votada em São Paulo para 13,6 mil
eleitores, fracassando na tentativa de reeleição.
Joice chegou a ser
nomeada líder do governo no Congresso em 2019, mas foi substituída depois de
apoiar a manutenção de Delegado Waldir como líder do PSL na Câmara. O
presidente queria no posto um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro. A
deputada rompeu com a família Bolsonaro naquele mesmo ano, após ser atacada
pelos filhos do presidente nas redes sociais.
Ela deixou o PSL em
2021, acusando a sigla de ser cúmplice das traições do presidente.
Mandetta
Na disputa pela
cadeira de Mato Grosso do Sul no Senado, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta
(Saúde) foi derrotado pela ex-ministra Tereza Cristina (Agricultura), aliada do
presidente e candidata do PP, que recebeu 61% dos votos. Mandetta foi a escolha
de pouco mais de 206 mil eleitores, equivalente a 15%.
Mandetta rompeu com
Bolsonaro no primeiro mês da pandemia de Covid-19 no Brasil, por não concordar
com a política do presidente contrária a medidas de distanciamento social para
conter a pandemia.
Soraya Thronicke
Eleita senadora por
Mato Grosso do Sul pelo PSL em 2018, com 373 mil votos, Soraya terminou em quinto lugar em sua primeira
disputa presidencial. Obteve quase 601 mil votos, menos de 1% dos votos
válidos.
A candidata ficou
conhecida por atuar em movimentos de rua contra o PT e chegou a ser vice-líder
do governo Bolsonaro, mas entrou na mira de bolsonaristas radicais durante a
CPI da Covid, durante a qual não endossou a estratégia do governo de desviar o
foco da investigação.
Durante a campanha,
protagonizou embates diretos com Bolsonaro e candidatos que o apoiavam. Nessa
segunda-feira (3/10), o presidente se referiu à senadora como Soraya 'trambique'.
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